terça-feira, 15 de maio de 2007

Beijos na alma

Meu olhar te procura e encontra em você a paz mais bela que pode existir. Seus olhos são às vezes tristes. Às vezes me desejam. Às vezes parecem olhos de um cachorro sem dono pedindo colo e algum carinho. Às vezes são alegres. Às vezes compreensivos. Às vezes amorosos. Às vezes me repreendem. Uma doçura invade meu peito e sinto uma bondade extrema. Uma bondade diferente. Queria te colocar no colo e deixar que o tempo passasse. Apertar você contra meu peito para sentir o meu calor e as batidas do meu coração, minha respiração ofegante e minha pele quente.
A vontade de estar contigo, às vezes é maior do que mim mesma. Acordei feliz porque me lembrei que tenho você para alegrar os meus dias com teu sorriso. A beleza das almas que se encontram.

(Lia Iksonaj)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Perder-se

Bastou um segundo para que tudo se perdesse. Um segundo e nada mais existe. E estou deixando que se perca um pouco. Sim, estou fazendo isso. Não que seja o meu real desejo, mas digamos que seja necessário. Extremamente necessário. Estou decidida a abrir as mãos e soltar um pássaro. Para que ele voe bem alto pelo céu. E assim eu o perca de vista. Para sempre...a liberdade dos pássaros me assusta e me fascina.
(Lia Iksonaj)

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Paixões Voláteis

Definitivamente, não se pode ter tudo, pensou ela ao deitar-se para dormir naquela noite. Chovia...
Depois de um longo período afastados, finalmente reencontraram-se. Trocaram algumas poucas palavras, sem aprofundar a conversa. Olharam-se discretamente. Foi tão rápido que nem deu tempo de um suspiro!
Por fim, ela despediu-se e saiu com o coração acelerado. Era melhor assim. Ele ficou. Um instante e nada mais. O que estava calmo e adormecido, estremeceu. Pela manhã, novamente chuva. O doce frescor da chuva para acalmar o coração dos suicidas apaixonados. E assim, ela decidiu matar, por fim. Se matar. Matá-lo. Tocava uma canção no rádio, triste e singela, como aquela manhã. Ela correu em direção à sua vida normal de todos os dias. E deixou para trás o que não se pode ter: tudo...
(Lia Iksonaj)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Deus

Mesmo para os descrentes há a pergunta duvidosa: e depois da morte? Mesmo para os descrentes há o instante de desespero: que Deus me ajude! Neste mesmo instante estou pedindo que Deus me ajude. Estou precisando. Precisando mais do que a força humana. E estou precisando de minha própria força. Sou forte mas também destrutiva. Autodestrutiva. E quem é autodestrutivo também destrói os outros. Estou ferindo muita gente. E Deus tem que vir a mim, já que eu não tenho ido à Ele. Venha, Deus, venha. Mesmo que eu não mereça, venha. Ou talvez os que menos merecem precisem mais. Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito. E também me dói quando percebo que feri. Mas tantos defeitos tenho. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais.
(Clarice Lispector - 1968)

Às vezes,

tenho a impressão de que tudo o que sinto não cabe dentro de mim. E dói por dentro, o fato de não ter a capacidade de lidar com tudo isso, com esse turbilhão de sentimentos... Mas, ora bolas, se eu tivesse tal capacidade, não seria eu mesma.
(Lia Iksonaj)