Maria tinha uma pequena flor em seu jardim. Cuidou desde o início com carinho e amor para que ela pudesse tonar-se uma linda flor.
Era apenas um singelo botão quando Maria avistou pela primeira vez José.
Sem explicação sentiu um pequeno frio na espinha.
A partir de então passou a cuidar daquela flor como se fosse José. E algum dia daria à ele como lembrança e para que ele não esquecesse do seu perfume.
Regava todos os dias rigorosamente no mesmo horário. Podava e trocava até mesmo algumas palavras...
Maria e José encontraram-se uma, duas, três... muitas vezes.
Maria se apaixonou por José. Não se lembra exatamente quando tudo começou.
Certo dia levantou-se apressada pois havia perdido a hora de regar a flor e quando chegou ao jardim, deparou-se com uma flor murcha.
Seus olhos ficaram marejados e sentiu uma dor aguda no peito.
José não quer Maria. José pertence ao mundo dos boêmios, dos bichos soltos e notívagos infindáveis.
Maria, sem saber o que fazer, ficou ali olhando para aquela flor caída, murcha, sem forças e alegria, assim como estava seu coração.
Escorreram lágrimas de seus olhos que pingavam de leve sobre as folhagens do jardim e aquela flor que simbolizava a dor da paixão.
Maria ficou inconsolável.
Mas lembrou-se de repente que em breve é primavera, e muitas flores devem chegar, talvez até mais bonitas e alegres do que esta.
Ficou apenas com a saudade que se estende neste fim de inverno.
(Lia Iksonaj)